sexta-feira, 29 de junho de 2012

eu gosto de ser sozinha
gosto da calma
de ler um livro
de escrever poesias
de escutar o silencio
de observar uma pintura
de traçar um desenho mal feito
de tirar fotos sem proposito
de beber meu vinho seco
de fumar meu cigarrinho...
gosto de ser minha companhia
e comer pizza comigo
em plena sexta-feira.




não volte

E se eu pedisse pra tu voltar, tu voltaria?
voltaria pro ciclo infernal que é esta casa?
voltaria com a bagagem lotada das minhas inspirações?
voltaria e tiraria a toalha molhada de cima da cama?
voltaria e cuidaria pra não queimar o sofá com teu cigarro?
voltaria e escolheria um filme pra vermos juntos?
(sempre gostei do seu gosto cinéfilo)

tu não voltaria, é mais comodo sermos amigos.
é mais comodo não existir ciumes, posse e traição.

nós devíamos aprender a amar,
infelizmente é muito amor pra controlar.



De amor puro estou de saco cheio
amor puro não me esquenta
nas noites frias de inverno.
amor puro é agua com açucar
tudo aceita,
tudo cede,
sem discussão,
sem ter palavra.

sinto arrepio só de imaginar
o breu que tu vive hoje
onde não existe calor
onde não existe paz.
o breu que tua alma
se encontra.

não implore
meras esmolas
do meu peito.
ele já esta trancado,
pra ti.

Valeu tanto assim, me perder?


sou eu,
escancarada na tua cara, transparente.
sou eu,
descabelada com os olhos aluados
e estas manias etilistas desagradáveis
logo pela manhã.
sou eu,
essa que faz pose,
abusa da classe uma hora,
e em outra destrincha num sorriso.

perto de ti, sou mais eu.

terça-feira, 26 de junho de 2012

troglodita

nada lhe cai bem, querido
pudera eu me vestir de santidade e alongar minha saia curta.
conseguiria esconder as pernas que encontram o eixo dos delírios
conseguiria até mesmo, podar tuas asas, decretar inimizade
aniquilar teus olhos castanhos que soam superioridade.
tu não é melhor que ninguém com esta tua conduta,
tu é refém como mendigo, como puta
como socialite, como velha enxuta
tu senta na mesa de bar procurando por uma vagina, que eu sei
só não se retrata quando dizem que vaidade é coisa de gay.
tu não é ninguém meu bem
tu aceita a vida com desdem
rejeita até mesmo quem te pariu
e negas a moça de saia curta
que nunca te traiu.





a energia do teatro
cria meu novo coração
inebriada fico, com este elo
de grande prazer e paixão.


Baseado em fatos Reais, Teatro Lala Schneider

segunda-feira, 25 de junho de 2012

que dificuldade nós temos em usar nomes de gente?
trocamos identidade por ''amor'' inconscientemente.








eu te escolhi a dedo
porque tu atende meus desejos
e satisfaz o meu eu em ti

na intimidade me traz
a segurança na palavra
bobeiras que só compartilho contigo 
e quando bate tua ausência
preciso urgente de um antidoto





as pessoas dizem do nosso caso
estampam em jornais
mas porque insistem no nós
que não existe nem pra nós
que se perdeu em deixar ser...

a tua voz me pede a conta, com juros
como quem senta na mesa
e pede vinho seco
maldizendo de nós
pois todos maldizem
menos eu...

amor não se volta
relacionamento não se reata.



Comodidade pode virar amor
dependendo do ritmo que as coisas andem.
até eu que sou uma amadora de carteirinha
passei a acreditar mais em par ideal
do que príncipe encantado.


o ator
se vestiu
de paixão
e de romã
fez da fruta
bicho rã
comentou 
viver comigo
no sustenido
sem coração
partido
abriu-se as asas
cruzou o arco-iris
chamou a chave 
pelo nome 
do seu amor
e cantou poesia lirica
com esplendor
coisa de gente
esquisita
gente que
bebe birita
fala sozinha
empresta o corpo 
pra criar uma alma
que não quer conforto
e vida calma.
endoidou 
e ficou assim
respirando arte
até o fim.


a sós, despimos os pudores. 
estes que usamos diariamente
para cegar a desmoralidade.
 

quinta-feira, 21 de junho de 2012


Não serei tua escrava
nem de longe serei tua amante
me encontro mais segura
no meu passado errante.

sai, sai, sai, sai
vai embora da minha vida
do meu peito tu já se foi
não fez vazio, dor, nem ferida.

sim, sou egoísta
se o que me ofereces é pouco
desdenho, fique com ele
e o leve contigo pro fundo do poço.

um poço sem luz!


segunda-feira, 18 de junho de 2012

promiscuidade tua, essa cueca repousando no meu chão.
deficiência minha, essa mania de compaixão.


pseudo homem

interrompo meu tempo
vestindo tua pele
e
não te culpo
pelos teus cabelos
cheirarem a namorado
quando tuas costas
fartam-me com
gosto salgado
tu complicia com
meu pecado
pois sabes que
não tive espaço
pra criar o juízo
sou da rua
sou da boemia
sou da parte escura
dessa cidade fria
mascaro as verdades

com óculos e postura
mas tu sabes meu bem
que eu sou da rua.




sexta-feira, 15 de junho de 2012

a ressaca me fez escrever sobre a culpa de termos encostados nossos corpos. assumo uma fisionomia sugada pela palidez, desde traços de minhas veias verdinhas a olhos bem fundos. o esqueleto é pouco perceptível, mas o colo e as costas magras não negam que a destruição deixou rastros até aqui, na minha aparência. já não pareço uma morena bonita e cobiçada, perdi meu bronzeado, minha postura, meu charme. sou fraca, fraquíssima vista a olho nu.e pálida até o mindinho.
a ultima vez que fomos vistos juntos, vivendo aquele mesmo papel de solitários insanos, foi na mesa de bar. bebíamos vinho. e entre nosso estupro de olhares dávamos os mesmos goles. saiamos juntos, rindo pela calçada ao encontro do carro. meu salto nunca se deu bem com essas calçadas, tu assumia a postura de abraço de urso, de ''não vou te deixar cair'' - nem acontecer absolutamente nada de ruim enquanto tu estiver aqui. era tão feliz brincar de namorado contigo...
culpo esses maravilhosos dias, por me estenderem a felicidade completa daquele momento e me darem a tortuosa dor da saudade.



quinta-feira, 14 de junho de 2012


minha criação é meio tropicalista misturado com rock'n'roll...
pra moi, nenhum segredo. nasci samba e amadureci bossa nova.



Transpiração
    inspiração
        piração...

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Deixo uma fresta aberta para as pessoas que me trazem bem.
tu que escancarou a porta, e foi tomando teu espaço.
quando me dei conta, tu já tinha tomado um espaço grandíssimo.
não te deixei entrar, tu entrou...

terça-feira, 12 de junho de 2012

e quando não for pra te amar... eu amarei.


Mesmo com toda a raiva acumulada,
não consigo negar ouvindo tua voz
o quanto eu te amo.

feliz dia dos namorados, meu eterno amor.



segunda-feira, 11 de junho de 2012

um recado a Shakespeare... se Romeu e Julieta viveram mesmo, como vivem perpetuados a seculos na mente da humanidade. espero que estejam felizes onde quer que seja. porque só eles doaram sua vida juntos por amor, os outros amadores morreram sozinhos.
não existe idade pra morrer de amor...


Há pessoas que encontram muitos amores em uma vida
e há pessoas que encontram um amor em muitas vidas.

oração


entardeceu,
não te importunarei com uma ligação
mesmo que esta seja pra consolidar teu sono.
não era pra te contar besteiras,
era pra te dizer verdades sublimes e concisas...
destas juras eternas.

expurguei toda imperfeição de ti
protegi o nosso encanto do tempo
mastiguei vidros de calunias a seco
sem gim.
tu vive feito rei em mim,
pois te amo e é assim que te afirmo no meu reino
no meu faz-de-conta.

somos feito água e fogo meu amor,
distintos completamente.
quero que fique ciente disto e confie
nesta desconfiável razão.
me dê as chaves do teu peito
vou cuidar, pra jamais deixar nada
te fazer sangrar.

sábado, 9 de junho de 2012

a cintura dela sincroniza com a voz dele.
escutou acordes de outras guitarras.
escutou até mesmo outras vozes que cantavam o velho blues, a mesma letra.
sentia a diferença.
aquelas vozes não chegavam no seu corpo fazendo aquele efeito de estou-fora-desse-mundo, embriagada de ti.
ela perdeu a sensação...
perdeu...
pobre menina.




inflamalma


ao segurar a tua,
minha mão inflamou.
pedi para desatarmos este ato de fidelidade,
pedi que não andássemos na rua assim
de mãos dadas,
pedi que não mostrássemos nosso afeto
aos incrédulos
para que
sobrasse mais afeto pra nós.
tu não me ouvia,
nunca me ouviu...

me cansei do teu grito meloso de amor,
me cansei de ser teu troféuzinho,
me cansei de brindar tuas conquistas.

me cansei de desfilar ao teu lado,
com esse meu corpo que nem mesmo...
reage,
sangra.
um corpo vazio,
com seios
e sem a alma.



quarta-feira, 6 de junho de 2012

remédio

traição doí?
dizia a menina de vestido amarelo.
porque se traição doer, eu posso tomar um Tylenol.
eu acredito nos medicamentos,
aposto neles como uma decisão sabia pra curar qualquer dor.
não deve ser tão ruim assim,
curo minha insonia com rivotril.

querida, - dizia a menina de vestido roxo.
é um impacto de dois elefantes contra teu nobre coração
precisaria de doses de ''morfina do renascimento'',
se encontrar na farmácia, me avise...
preciso curar a distancia
que são dores semelhantes.




terça-feira, 5 de junho de 2012

viver a vida

pobre Édipo. nasceu com o destino traçado. percorreu um caminho que julgava ser diferente, para não concretizar a terrível maldição. não tem jeito, o destino sempre se concretizará. sendo ele bom ou ruim. nós, meros e idiotas mortais que ficamos complicando, criando situações, se baseando em teorias, fazendo escolhas para criá-lo. ele já está escrito com letras tortas em alguma rocha medieval perdida por ai. deveríamos deixar os fatos acontecerem. as datas já estão previstas, e ninguém sairá ileso. 

não é a toa que pieguice mor é ‘’viva a vida’’ - escrito em contracapas de livros, falado nos roteiros de cinema, no comercial da pasta de dente... mesmo no meu blog devo ter escrito uma quinzena de vezes. 

imagino que quando os majestosos reis consultavam o oráculo era isso que ele dizia, um simples ‘’viva a vida’’. o que os tornavam grandiosos era a força de vontade credora e depositada ali.

hoje a informação é tão vasta que não se confia no ‘’viver a vida’’ como uma meta e sim, como uma frase dita em um facebook qualquer. que até eu, infelizmente desmereço.


Graciosidade


na janela flores -
rosadas, azuis, amarelas.
elas trazem os beija-flores até mim,
num voto singelo de doar seu lado mais doce.

eu vi alguns...
tirei o dia pra contar beija-flores
reparar a leveza com que voam,
com suas asas tão pequeninas e rápidas
um trabalho impossível a olho nu.

cada beija-flor que veio-
em partes distintas do dia.
me mostrar que o doce da vida
pode ser grandioso comparado com o amargo.
o doce da vida é inesgotável.



te cito,
em poesias que não eram pra ser tuas.



antes de entardecer


matas teu enigma.revele-me como és alem dos confins da nudez.
me critiques como se criticas uma obra banal, inúmeros argumentos, definições, citações de movimentos, e nada de entrar no senso. palavras em vão. racional sem razão.
venhas como aquele homem que a anos deixou sua mulher, para partir em busca de conquistas.venhas como um vitorioso dos mares e saudoso dos céus.
digas que tu estimas veneradamente minha silhueta magra.e dê um discurso de que não é delito gostar de osso, quando se tem tanta carne barata pendurada no açougue da rua.
creia nas verdades que saem dos meus lábios, não faltaria com elas olhando em teus olhos.estes que Hopper se inspirou inconscientemente pra pintar ‘’falcões noturnos’’ .ele não sabia, mas retrataria anos a frente a solidão débil que tua alma transborda e se encontra.
e depois, toques o espaço místico que me vejo. em cores vibrantes e formato calidoscópio.
a grandeza de nossos deleites, há de curar teus medos.