quinta-feira, 29 de novembro de 2012

recortes


tao singelo
quanto o vento
tao atento
como foi
se serás
ao relento
calmaria
incolor
transparece
todo o grito
que um dia
já foi dor
esquece
os defeitos
que fazem
não ser amor.
ê, coração
mardito
mar-dito
partido.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

cocaína, café
um isqueiro
um cinzeiro
cigarro
pigarro
oh lord! onde isso vai dar?

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

devagar com a bebida meu amigo.
quem sabe ela chega, quem sabe ela volte.
quem sabe ela entorte
esse caneco por ti.
o amor, as drogas, a amargura, costumam levar as pessoas pro fundo do poço.
e a arte?
a arte não leva também?


quarta-feira, 14 de novembro de 2012

no moleskine tinha um bilhete, escrito com letrinha de fôrma:

''deixei de ser flor pra ser um robô.
ou não idiota.''

rs

conjugado! o verbo querer.

eu te quis tanto.
te quis a ponto de implorar a estadia bagunceira dos seus sentimentos esquisitos, bizarros e fugazes na minha vida que é nada compatível. aceitar a sujeira, os mofos, os encardes. implorar cedendo todos os meus contra-passos e desacertos, cedendo o que eu tinha. não era muito. mas era tudo.
te quis a ponto de me submeter. esquecer o orgulho, esquecer a integridade. despencar o âmago, em um ato. submissão completa, com direito a filtro vermelho, Whisky e sarjeta.
te quis a ponto de no meu instante de infelicidade eterna, não chorar. segurar firme. pra te poupar de um sentimento de abandono. pra te sobrar só naturalidade frente a mim.
te quis  tanto e a tal ponto, que esgotou.
te quis muito.
e de tanto te querer, terminei minha lição de português.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012


As palavras
andam saindo sem querer
estão soltas, no tempo.
não quis dizer o que eu disse,
saiu.
agora pareço uma libertina egoísta
como posso, ser eu assim
uma contradição real de mim.
não me leve a mal, me leve pro bem
antes que eu enlouqueça
das futilidades que me provém.


quarta-feira, 7 de novembro de 2012

presente grego

ultrajes disfarçados de anseios...
covardia disfarçada de bajulações...
não se faça de ingenua menina,
no fundo tu já sabia
que ele era uma falsa sina
embrulhado com laço e cartão.

teu breu

travado
efemero
hostil
tenebroso
insólito
ermo
tristonho
rígido
infame
vil
ostensivo
enfatuado
intransigente

tudo demasiadamente.


seu único verso

tirou a aliança e colocou na gaveta.


moça velha


Olhava entre as cortinas salmão de sua sala rococó, via os pingos de água que caiam e misturavam uns aos outros para caírem de vez. Em suas mãos o chá quente de camomila açucarado. Como gostava. E ali sentava pra pensar. Desde novinha arrastava tardes e tardes pensando em coisas banais, coisas das quais ninguém da importância, ou consegue perceber. Como os pingos. Um passatempo tosco visto a olho 
nu, mas a fazia esquecer um pouco a cruel realidade de ser um ser pensante.
Já quis revestir sua alma com chita-filo. ternura, meiguice que enterrou por um amor que apareceu pela porta jurando felicidade branda e depois sumiu jurando ódio. Juras, dessas falsas. Dessas enganosas, que levam qualquer pessoa sã a meter os pés pelas mãos.
Embora tivesse seus vinte e poucos anos, nessas tardes gostava de se balançar como uma velhinha. Tinha muita coisa parecida com as velhinhas até. Usava sapatos confortáveis de tecido dócil. Reclamava do som alto dos vizinhos. Bordava seus próprios vestidos. Gostava de flores espalhadas pela casa, e aquele cheiro de café novinho,mesmo que preferisse seu chá. Fazia formas e formas de bolos. Chocolate, baunilha, cenoura. Fazia tantos bolos que nem cabiam em sua cozinha. Curavam-a da solidão.
Adquiria demasiadas manias, escrevia em seu diário sorrateiras pretensões, que jamais tiraria do papel...
Criava seus problemas, seus fantasmas e seus traumas. alimentava-os e olhava entre a cortina novamente, criando coragem pra tirar sua mania de velhice, levantar e sair.
Fingindo estar feliz com seu papel de moça nova.

Diagnosticado: tinha a alma velha... bem mais velha que o carcere.


dono de mim.

Eu fico sem inspiração quando tu se vai.
Fico sem inspiração quando tu me larga de vez.
Fico sem inspiração quando tu vai dizendo que só me faz mal e que não vai voltar.
Fico sem inspiração largada na frente do bar em meio a tanta gente estranha.
Fico sem inspiração quando tu se vai.
Fiquei sem inspiração quando tu se foi.
Fico sem inspiração por tantas idas.
Fico sem inspiração com tantas despedidas.
Fico nula.



sexta-feira, 2 de novembro de 2012

ser mulher




O que mais vejo pelas ruas hoje, é desperdício de mulher. 

um bando de pirralhas acomodadas, com idade suficiente pra serem independentes ou estarem correndo atras disso.
 
é lastimável, porque somos mutáveis, e temos um tempo exato pra crescer.
 
somos contados pelo tempo, que esse meu amigo, não se importa com a pressa. as coisas acontecem e as meninas não crescem.
 
ser mulher não é virar de maio
r e sair pelas baladinhas dando pro primeiro desconhecido que conheceu na noite. 
ser mulher não é esperar um cara cair do céu e resolver os seus problemas de garotinha nonsense. 
caras milionários estão cada vez mais raros, e você cada vez mais velha.
ser mulher é se aceitar sem maquiagem, com o cabelo por fazer.
é olhar no espelho com o olhar de ''essa sou eu''.
é reconhecer seu suor e se os outros não te reconhecerem fodam-se, todos eles.
ser mulher é encostar a cabeça no travesseiro e pensar que amanha vai ter trabalho, mas vai ter vitoria.
 
é não perder tempo com pirralho por carência e perder tempo com um livro por constante inteligencia.
ser mulher é ser independente.
e acredite, nada é mais valorizado que isso. nem mais gostoso.

CRESÇA!!





a pessoa quando perde um amor se remói aos pouquinhos por dentro. Pensa todas as possibilidades. ''Se ele tivesse ficado''. ''Eu poderia suportar a barra só por mais um tempo''.
Mas não é bem assim, isso é prolongar o sofrimento. Quando se tem certeza de que não existe mais amor pra caber todas as situações, as pessoas, os erros, o tempo que se passou ate ali, não existe a continuação. Interrompa. Interromper não é perder, é se livrar. É estancar um free na testa e ir tomar uma cerveja no boteco sem precisar dar satisfação a ninguém. Porque por mais que tu se sinta sozinha, tu sempre tem a si mesmo.