quarta-feira, 27 de março de 2013

Desuso

patética amante
sedenta de posse
vitima do prazer visceral
dissipa pudores
escancara sujeiras
logo ex-felina

coração machucado
dor dobrada
lastimando
nome másculo clamando
deitada, jogada
abandonada
no chão gélido da cozinha
garrafa de Whisky
sozinha.

terça-feira, 26 de março de 2013

Roda gigante

algodão doce no verão.
delicadeza nos gestos.
sorriso frouxo.
confiança desmedida.
beleza na felicidade.
aroma de momento único.
olhares de cúmplices.

pediram,
duas entradas para o parque
e duas para o amor.


segunda-feira, 25 de março de 2013

e um rosto que nunca vi
rouba para sempre o meu olhar.
um rosto que nunca viu
meus olhos brilhar,
encharcar, fitar.

domingo, 24 de março de 2013

o coração vagabundo caiu em contradição,
começou a amar um anjo.
amor que fez ele quebrar teorias de sua conduta.
levar a crer que absolutamente tudo que aprendera até ali,
pudesse ser esquecido em um sorriso.
mísero sorriso.

que dilacera.

segunda-feira, 18 de março de 2013

mensagem curta

quem disse
que poesia é lorota
inventou uma tremenda
fofoca
e uma triste
ignorância.
não carece ser culto pra saber
que palavras de amor fazem
renascer
que palavras dolorosas fazem
crescer
e que palavras bonitas fazem
viver.


domingo, 17 de março de 2013

vivo no tempo que as verdades são quebradas.
acordei um dia e descobri que Plutão não é mais planeta e que as retas paralelas não são infinitas, elas se encontram no horizonte. que o átomo não é a menor partícula da matéria, que ele é divisível.
acordei um dia e descobri que vida social ao contrario do que dizem ''fazer bem'' desgasta. que as pessoas não são incríveis, elas são iguais. que cada um tem seu interesse próprio mesmo no momento de ajuda.
o ser humano me enoja.

quarta-feira, 13 de março de 2013

só tenho dois pedidos antes de tu ir:
devolva o livro pra minha estante e deixe o maço de cigarro em cima da mesa - se possível  com uma ponta.
mesma jaqueta
mesmo cabelo sem corte
mesmos amigos (que hoje são meus também)

deu vontade de estar perto

sinceramente até agora
não sei o que vi em você

só sei da vontade de estar ao seu lado
acordando as 4 da tarde
e requentando seu macarrão.

Tenho tanta saudade.

terça-feira, 12 de março de 2013

amora

frente a porta galocha vermelha
recém chegada da chuva.
o cashmere pendurado no cabideiro.

e vem todos os dias assim,
certa e segura.
traz sorriso e frutas
ambos frescos
compondo com
seus apetrechos.

amorinha,
amor-e-minha,
criança doce.
doce menina.

passa o tempo e as mulheres fatais, intencionais
perdem a graça com a chegada
da que te oferece apego, aconchego e sossego
no mesmo endereço.

segunda-feira, 11 de março de 2013

domingo, 10 de março de 2013

ao meu coração com esmero

amado, dono dos meus delírios nirvana  e dos meus infernais tormentos. sei que te dei pausa, não me enrosquei em nenhuma paixão que traz desgraça e benção na mesma estrofe. sei que deves estar sentindo-se revigorante, afoito e empolgado pra sair escuridão a dentro caindo na boemia, em vinhos e linguas.
peço-te (me) as desculpas sinceras de sua serva que vive com o teu batimento.
querido órgão, devo te confessar que nessa pausa, nesse descanso,  perdi o jeito de balançar, de conquistar.
tu deve ter sentindo um pouco, nem tão jovem sou mais, e pelas ínfimas e infinitas paixões que tive o tempo me passou para trás.
as moças boas casaram cedo, e as entrelinhas como eu, não sabem onde enfiar o pé.
sou mais uma a cessar na juventude.

prantos.

Carta platônica

Olá, prazer.

já nos conhecemos, mas nunca fomos apresentados formalmente e nem precisa de delongas. sentir que te conheço é o bastante pra mim. apenas queria ter contigo umas palavrinhas, se tu se dispor a ler essas pobres linhas.

por que despe minha alma com o olhar?

não que eu não goste, sendo modesta, eu gosto e muito. deleito-me com as cores castanhas fitando minha cintura, cabelos, boca. porem entristeço-me quando ao chegar nos meus olhos os seus enganam a si e viram pro copo de bebida que é imediatamente levado ao seu paladar. tu não sabe disfarçar.
reparo em ti, sei que bebe cerveja e sei que entre teu grupo de amigos, tu é o mais tímido e calado. pode parecer estranho, diferente mas eu vejo tanta beleza no teu silencio. comparo-o com a pirita que carrego no colo. ainda não conheço a voz que te honra, e isso não tem importância . teria caso em antigos amores tu lesse Leminski pra amada dormir.

isso que seriam poucas palavras.
devo deixar de escrever aqui...
não.
não porque tenho uma vontade indescritível de ti. o papel e o grafite não são suficientes e os adjetivos do dicionario perderam os sentidos.
tenho um almejo do seu gosto, amargo, doce, azedo, melado.
conhecer como tu é, verdadeiro e integro entre edredons e pernas entrelaçadas.




Amantes

tomavam chá,
fumavam.
riscavam-se
(ela escrevia na pele dele, ele pintava com aquarela a pele branca dela)
transavam.
ritualístico.
não tinha ordem
não havia tempo.
pactuaram de passar o carnaval em casa,
ouvindo bossa nova.
delicia.
tudo era questão de uma brincadeira perigosa.
toda brincadeira tem seu fim,
mas neste o fim foi prolongado até não haver mais jeito.
até não caber mais o ''eles'' na mesma palavra.

ela sente ainda o cheiro de lavanda do cabelo desajeitado
e vê nitidamente as covinhas dele toda noite antes de dormir,
quando precisa pensar em algo bom,
pra se desligar.