segunda-feira, 28 de outubro de 2013

fisgada

fez
carinho
se fez de
ninho
e meu coração
levou.
eu
despercebida
só fui
entender
quanto já era
amor.
noite cai e lá vai ela.
cabisbaixa.
com seus sapatos caramelo.
suas unhas roídas.
seu cigarro apagado
(esquecido entre os dedos).
seus passos tropeços.
seus olhos entorpecidos.
seu cabelo ressequido.
seus dentes manchados de vinho.
suas tatuagens sem cor marcada na pele branca.

anda pela rua
atrás de um gole, um trago.
atrás de um escape da realidade.
atrás de um de seus homens perdidos.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

foi uma despedida amena. imaginei roupas voando pela janela. vidros estilhaçados nas paredes. porcelanas fragmentadas. imaginei não pelo meu drama mas porque existia um pacto quase de sangue do qual nunca nos abandonaríamos. nos abandonamos. no fundo sinto que tu foste embora calado porque ninguém quis ceder. ninguém quis dizer um ''fica'' optamos por pegar nossas trouxas e ir.
de legado muitas promessas que não foram cumpridas. muitos planos que se desfizeram na nossa frente. tu egocêntrico demais para me amar. e eu artista demais para te amar.
faleci e soluçando engoli o choro aos poucos.
chovia e o dia era cinza. chovia em meus pensamentos como chovia lá fora. chovia não só para lavar a alma, mas para libertar o que estava carregado de nós.
porque o sentimento era como se uma enchente forte viesse e carregasse para sempre tudo que nós tínhamos.

domingo, 13 de outubro de 2013

antes não era amor.
antes era só sacanagem. antes era só olhares sem pretensão de ancorar. antes era só a carne doada pela solidão depois de algumas doses. antes era só o compartilhamento da loucura. antes era só a noite virada em musica e fumo. antes era só algumas palavras bonitas cravadas no peito. antes era só mera companhia para animar mais os dias. antes era só alguns discos e livros emprestados.
antes era só manhã de afago.

antes era quase nada...
infelizmente hoje é tudo.